E de tão simples, de tão bela, de tão ritmada que é esta obra-prima, caí novamente diante de um velho princípio, dogma ou sei-lá-o-quê sobre a alma do artista. Refiro-me ao fato de que a maior fonte de inspiração sempre foi o sofrimento. Os mais belos poemas, canções, espetáculos teatrais são e foram, em geral, forjados num momento de intensa dor. Não é que outras fontes não existam, mas a capacidade de criar gerada pelo sofrimento é tal que, muitos, quando não estão sofrendo, forjam um sofrimento, para alimentar a própria alma.
Não creio que tenha sido uma necessidade para Jacques Brel, quando da criação desta sua obra-prima (ele tem outras belas músicas, como esta, mas nenhuma tanto quanto esta). Parece-me, segundo pude ler em mais de uma fonte, que ele estava vivendo uma sofrida separação, e não queria se separar. Se ele foi cavalheiro ou se foi xarope, não sei. Mas que ele escreveu um dos mais belos poemas, que ele compôs uma das mais belas canções, nem Suzanne Gabrielle poderá, jamais, negar. E ela talvez tenha, até, algum orgulho de tê-lo feito sofrer. Pode? É claro que pode!
Pablo de Araújo Gomes, 25 de junho de 2009
Confira você mesmo o que lhe digo:
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Tenho uma ligação sobrenatural com esta música ... sinto na pele todo o sofrimento do Jacques Brel ! Abraço Pablo ! Amós
ResponderExcluirPablo,
ResponderExcluirJá tinha escutado essa música uma dezena de vezes. Mas nenhuma interpretação me fez sentir "a angústia de quem fica" com tanta força.
Desejar, por devoção, ser a sombra da mão do outro, do cão do outro só para estar por perto...
Você tem razão. O sofrimento dele foi extremamente criativo. Fico pensando se a Suzanne não chegou a se comover com tamanha declaração de devoção...
Comprovando a máxima de que "há males que vem pra bem"